“Faísca da luz que desce” – Silvia Mourão

 


Rósea dourada fulgurante

Trespassa

Camada após camada

Até se tornar carne

Carne se fez

Oculta-se

Gesta

Prenúncios

Seres sensíveis sentem

Desde o princípio

Já uma plena

Presença

Sem forma ainda

Aguardando

O ego e seu propósito

Sua mais excelsa razão possível

De existir mesmo

Pode vir agora à tona

Encontrar a forma que case com a inspiração

Encontrar a carne que dê corpo à luz

Carne justa macia generosa

Capaz de dar à luz

Então é o ato da arte

Pelo canal humano

Divindade

Mistério

A interface mágica

Coligando o que há de mais

Radicalmente humano: o sacrifício

Ao que há de mais

Radicalmente divino: o gozo

Arte

Parto

De homens e mulheres igualmente

A humanidade e além