“O Corpo em Jung”(1) – Rosa Farah

(Revista “Hermes” no. 1)

Ainda hoje, mesmo entre terapeutas junguianos, podemos por vezes observar algumas reações de surpresa ao mencionarmos a aplicação das técnicas de trabalho corporal associadas à Psicologia Analítica de C.G. Jung. Tal fato deve-se apenas em parte à maior divulgação em nosso meio das abordagens corporais derivadas do trabalho de Reich e seus seguidores (a Bioenergética, por exemplo), ou mesmo das chamadas formas “alternativas” de intervenção terapêutica.

Embora existam razões históricas mais complexas para que os processos corporais permanecessem até então aparentemente à parte das considerações dos psicoterapeutas não é nosso objetivo aqui detalhar tais razões(2). Vamos mencionar apenas como ilustração destes fatores a polêmica estabelecida – dentro do próprio meio psicanalítico – pelas contestações apresentadas por Reich: Conforme sabemos, suas críticas foram dirigidas não apenas a alguns dos postulados teóricos e metodológicos da Psicanálise. As próprias estruturas de poder subjacentes às instituições acadêmico-científicas também foram alvo direto de sua análise. A partir daí, o posicionamento científico de Reich passou a ser conhecido de forma inseparavelmente associada à sua atitude contestadora.

A polêmica resultante da repercussão de suas propostas contribuiu em grande parte para Reich passar à História da Psicologia como sendo um contestador pioneiro, especialmente no assunto referente à consideração dos processos corporais na busca de compreensão dos dinamismos psicológicos.

Não se pretende aqui entrar em detalhes sobre os aspectos inovadores de sua obra, embora o tema seja de extremo interesse e valia para uma maior compreensão da evolução da Psicologia ocidental. Nossa intenção inicial é chamar a atenção para o fato de a polêmica envolvendo a história do corpo na Psicologia não ter se originado com as proposições de Reich e seus seguidores.

Em “Tocar, Terapia do Corpo e Psicologia Profunda”, McNeely(3), terapeuta junguiana, apresenta um esclarecedor apanhado histórico sobre aqueles que considera como pioneiros da somatoterapia(4).

“Considero pioneiros da somatoterapia Freud, Sandor Ferenczi, Alfred Adler, Groddeck, Wilhelm Reich e Jung. Eles foram naturalmente influenciados por outros: Nietzsche, Kretschmer, Krafft-Ebing, Schiller, antropólogos, etc.

Começo por estes seis terapeutas porque sua principal preocupação com relação ao corpo foi a distribuição da energia (conforme se vê principalmente na teoria dos impulsos). Descobre-se que nesta matéria eles estiveram juntos, discordaram e, por fim, se separaram.” (5)

Estamos destacando aqui um elemento fundamental para a compreensão sobre a evolução da atenção dada ao corpo na história da Psicologia ocidental: as dificuldades para o equacionamento da relação corpo-mente não provêm apenas da complexidade inerente aos processos psicofísicos envolvidos. Se mesmo em nossos dias nos defrontamos ainda com muitos obstáculos – fruto de preconceitos determinados ainda pelo espírito de nossa época – para o desenvolvimento de certos níveis do nosso trabalho, o que não estaria então ocorrendo naqueles tempos e lugares, no âmbito acadêmico onde viveram e trabalharam os pioneiros da Psicologia Profunda? Vejamos o pensamento de McNeely a respeito.

“A resistência da sociedade para com aquilo que se revelava foi impressionante. Freud e seus colegas estavam descobrindo que a moralidade e a neurose relacionavam-se. De algum modo, a energia da unidade mente-corpo era capaz de direcionar-se mal, transformando-se em sintomas físicos, dizendo realmente que um corpo doente ou perturbado indica uma psique perturbada que necessita de cura. Esta não era uma mensagem popular.” (6)

Não nos parece necessário detalhar neste momento a apresentação de elementos demonstrativos do aspecto polêmico da consideração do corpo na Psicologia.

Esses breves comentários têm por finalidade apenas situar e destacar o fato que, em época idêntica à mencionada por McNeely – e portanto em meio ao mesmo clima descrito -, C. G. Jung ter sido um dos pioneiros a abrir caminhos para uma nova forma de abordagem da questão da integração corpo-mente. Cada pesquisador de então, de forma pessoal, desenvolvia não apenas uma teoria, pois, conforme palavras do próprio Jung,

“Todo psicoterapeuta não só tem o seu método: ele próprio é esse método.” (7)

A maneira escolhida por Jung para expressar suas considerações sobre a questão do paralelismo psicofísico, parece-nos, foi intencionalmente parcimoniosa. Talvez mesmo cautelosa, especialmente quando perguntado diretamente a respeito, tal como consta nos relatos da primeira e segunda conferências que proferiu em Londres, 1935, transcritas em Fundamentos de Psicologia Analítica (8).

Tal atitude, embora possa parecer contraditória com outros momentos ousados de sua obra, devia-se muito mais ao fato de ser ele um homem consciente do risco representado pela atitude de pôr-se em confronto direto com a forma de pensar da época. Em suas memórias, a certa altura, diz textualmente:

“Percebi que é inútil falar aos outros sobre coisas que não sabem. Compreendi que uma idéia nova, isto é, um aspecto inusitado das coisas só se afirma pelos fatos.” (9)

Parece-nos ter Jung escolhido um outro caminho, em lugar de participar da polêmica reinante a respeito do tema corpo: a observação e registro dos fatos tal como se lhes apresentavam. E então, quando assim lhe foi possível apresentar suas idéias – isto é, corroboradas por demonstrações fatuais – não deixou de apresentá-las de modo assertivo.

A obra de Jung poderá surpreender o leitor disposto a localizar suas inúmeras menções à correlações psicofísicas. Porém mais esclarecedor do que qualquer argumento aqui apresentado será a própria constatação desse fato, por meio de uma consulta direta à fonte.

Sobre o material escolhido para a pesquisa:

Para realizar esta pequena pesquisa procuramos selecionar, na obra de Jung, algum material adequado ao objetivo expresso no título deste artigo: ilustrar a maneira direta e explícita com que este autor faz referências a processos corporais, mencionando-os como componentes intrinsecamente interligados aos dinamismos psíquicos.

Localizar e destacar tais referências parece-nos uma maneira bastante clara e objetiva de ilustrar um aspecto de fundamental interesse na Psicologia junguiana: o fato de que a maneira utilizada por Jung para mencionar o dado corporal, já deixava implícita a possibilidade de vir a se desenvolver uma

forma “junguiana” de abordagem do corpo em Psicologia. Um texto em especial foi então escolhido: Trata-se da edição das conhecidas “Conferências de Tavistock”, uma espécie de introdução, didaticamente organizada, ao pensamento de Jung.

Esta obra, conforme já mencionamos, compõe-se do relato de cinco conferências proferidas por Jung em Londres em 1935. Na edição brasileira, aparece sob o título Fundamentos de Psicologia Analítica (10).

Uma das razões motivadoras de nossa escolha por esse texto é o fato de, mesmo sendo dirigida a psicoterapeutas, a apresentação da Psicologia Analítica ser ali realizada em termos introdutórios. Assim, os principais conceitos e idéias de Jung são expressos de forma abrangente e clara, sem perder a autenticidade garantida pelo fato ser o próprio autor quem os expõe.

Procedimento utilizado:

A prática adotada em nossa pesquisa foi a seguinte: elaboramos um esquema referente a cada conferência, para ser utilizado como uma espécie de roteiro de leitura. Esse esquema colocou em destaque os principais conceitos e idéias apresentados e/ou comentados por Jung ao longo de suas falas. Na seqüência, destacamos os trechos correspondentes, em cada parágrafo do texto, aos momentos em que o autor expressou algum tipo de relação ou paralelo entre os processos psicofísicos.

Foi possível assim observar diferentes níveis ou tipos de menções ao corpo (e/ou seus processos) sendo expressas nas falas de Jung: em alguns momentos trata-se literalmente de uma relação formulada pelo autor, no real sentido do termo. Em outros, consiste numa hipótese, uma simples menção ao corpo ou,

ainda, uma exemplificação de algum processo ou fenômeno corporal. Optamos por incluir todos os tópicos voltados a nossa finalidade – destacar menções ao dado corporal -, sem nos preocuparmos em discriminar, generalizar ou classificar o tipo de consideração feita em cada momento.

Citações ilustrativas sobre os dados coletados:

Antes de passarmos às citações desejamos deixar clara a idéia de que estas ilustrações não pretendem tornar prescindível a leitura (ou releitura) do texto integral. Ao contrário, esperamos que esta apresentação sirva de estímulo à sua consulta do original. Porém existe uma razão para adotarmos esta forma – a citação – e não apenas a menção aos parágrafos e trechos pertinentes: a visão conjunta dos textos selecionados fornecerá ao leitor, em nossa forma de entender, uma percepção diferenciada dos elementos assim destacados no pensamento de Jung.

1. Falando sobre a relação consciente <–> inconsciente (11):

“A consciência é sobretudo o produto da percepção e orientação no mundo externo, que provavelmente se localiza no cérebro e sua origem seria ectodérmica. No tempo de nossos ancestrais essa mesma consciência derivaria de um relacionamento sensorial da pele com o mundo exterior. É bem possível que a consciência, derivada dessa localização cerebral, retenha tais qualidades de sensação e orientação.” (12) # 14

2. Ao falar sobre o ego e sua relação com a consciência:

“E o que seria o ego?

É um dado complexo formado primeiramente por uma percepção geral de nosso corpo e existência e, a seguir, pelos registros de nossa memória.(…) Esses dois fatores são os principais componentes do ego, que nos possibilitam considerá-lo como um complexo de fatos psíquicos. A força de atração desse

complexo é poderosa como a de um imã: é ele que atrai os conteúdos do inconsciente, daquela região obscura sobre a qual nada se conhece. Ele também chama a si impressões do exterior que se tornam conscientes ao seu contato. Caso não haja este contato, tais impressões permanecerãoinconscientes.” # 18

3. Diferenciando afeto e sentimento:

“O problema está apenas numa questão de grau. Se houver um valor obsessivamente forte, sua tendência é tornar-se uma emoção num dado momento, ou seja, quando atingir a intensidade suficiente para causar uma enervação fisiológica. Todo processo mental provavelmente causa ligeiras enervações deste tipo, e são realmente tão pequenas que não há meios de demonstrá-las(13).

Existe, entretanto, um método bastante sensível de registrar as emoções em suas manifestações fisiológicas; trata-se do efeito psicogalvânico(14). Baseia-se na diminuição da resistência elétrica da pele sob influência emocional, o que não se dá sob influência do sentimento.” (15) # 48

4. Falando a respeito da relação corpo-mente:

“A relação corpo-mente constitui um problema extremamente difícil. Pela teoria de James-Lange, o afeto é resultado de alteração fisiológica. A pergunta: Corpo ou psique é fator preponderante? sempre será respondida segundo diferenças temperamentais. Aqueles que por temperamento preferem a teoria da supremacia do corpo afirmarão que os processos mentais são epifenômenos da química fisiológica. Os que acreditam mais no espírito adotarão a tese contrária: o corpo é apêndice da mente e a causalidade reside no espírito. A questão tem aspectos filosóficos e por não ser filósofo não posso arrogar a mim a decisão. Tudo o que se pode observar empiricamente é que processos do corpo e processos mentais desenrolam-se simultaneamente e de maneira totalmente misteriosa para nós. É por causa de nossa cabeça lamentável que não podemos conceber corpo e psique como sendo uma única coisa.

A Física moderna está sujeita à mesma dificuldade: atentemos para o que acontece com a luz! Comporta-se como se fosse composta de oscilações e ainda formada por corpúsculos. Foi necessário uma fórmula matemática muito complexa, cujo autor é M. de Broglie, para auxiliar a mente humana a conceber a possibilidade de corpúsculos e oscilações serem dois fenômenos que formam uma única e mesma realidade(16). É impossível pensar isso, mas somos obrigados a admiti-lo como postulado.

“Do mesmo modo o chamado paralelismo psicofísico forma um outro problema insolúvel. Tome-se por exemplo o caso da febre tifóide e suas contaminações psíquicas; se os fatores psíquicos forem confundidos com uma causalidade atingiríamos conclusões absurdas. O máximo que se pode afirmar é a existência de certas condições fisiológicas que são claramente produzidas por doenças mentais, e outras que não são causadas, porém meramente acompanhadas de processos psíquicos. Corpo e psique são os dois aspectos do ser vivo, e isso é tudo o que sabemos.

Assim prefiro afirmar que os dois elementos agem simultaneamente, de forma milagrosa, e é melhor deixarmos as coisas assim, pois não podemos imaginá-las juntas. Para meu próprio uso cunhei um termo que ilustra essa existência simultânea; penso que existe um princípio particular de sincronicidade(17) ativa no mundo, fazendo com que fatos de certa maneira aconteçam juntos como se fossem um só, apesar de não captarmos essa integração. Talvez um dia possamos descobrir um novo tipo de método matemático, através do qual fiquem provadas essas identidades. Mas atualmente sinto-me totalmente incapaz de afirmar se é o corpo ou a psique que prevalece.” # 69/70

5. Ao final da segunda conferência, um dos presentes retoma, na forma de novo questionamento, a discussão do paralelo psicofísico (# 135). Pode-se perceber, na colocação da pergunta a tentativa de cobrar de Jung a retomada da análise de um sonho por ele realizada em outro contexto. A partir da interpretação do mencionado sonho, Jung teria identificado a base orgânica da doença do sonhador, conforme é relatado na nota 33, pág. 60 do texto original. Dr. Bion pergunta, então, se Jung coloca apenas como uma analogia os paralelos entre as formas arcaicas do corpo e da mente ou se ele percebe uma relação mais profunda entre elas. A íntegra das respostas de Jung abrange várias páginas, motivo pelo qual novamente recomendamos uma consulta ao texto original(# 135 a 144). Como ilustração da cautela adotada por Jung frente à questão citaremos aqui alguns trechos dessa sua fala.

“O senhor voltou novamente ao problema do paralelo psicofísico, ponto extremamente controvertido, sem resposta, pois está fora do conhecimento humano. Como tentei explicar ontem, as duas coisas acontecem juntas, de maneira peculiar, e são, creio, dois aspectos diferentes apenas para a nossa inteligência, e não na realidade. Nós as concebemos como duas formas devido a nossa total incapacidade de concebê-las juntas.” # 136

“O caso mencionado pelo senhor foi o do pequeno mastodonte. Explicar o que o mastodonte significa de orgânico e por que devo tomar tal sonho como sintoma fisiológico desencadearia uma tal polêmica que os senhores acabariam por me acusar de obscurantismo. Tais coisas são realmente obscuras, e eu teria de falar da mente básica, que pensa por meio de padrões arquetípicos. Quando falo de tais padrões, aqueles que têm consciência deles entendem, mas os outros podem acabar pensando assim: ‘Esse sujeito é completamente louco, pois se preocupa com diferenças entre mastodontes, cobras e cavalos’. Eu deveria dar-lhes um curso de aproximadamente quatro semestres sobre simbologia para que os senhores conseguissem seguir o que eu digo.” # 138

“Quando ouvem o que digo, costumam dizer: é passe de mágica. Também se pensava assim na Idade média e se perguntava: Como se pode afirmar que Júpiter tem satélites? Se a gente responder que é pelo telescópio, o que representará isso para um público medieval?.” # 139

“Não quero me superestimar por isso; fico sempre perplexo quando meus colegas perguntam: Como você estabelece um diagnóstico desses ou chega a tal conclusão? Respondo normalmente: Explico, se você me permitir dizer o que você deve fazer a fim de entendê-lo.” # 140

6. Ao discorrer sobre os complexos:

“…provavelmente os senhores já observaram que, ao me fazerem perguntas difíceis, não consigo respondê-las imediatamente porque o assunto é importante, e o meu tempo de reação, muito longo. Começo a gaguejar e a memória não fornece o material desejado. Tais distúrbios são devidos a complexos – mesmo que o assunto tratado não se refira a um complexo meu. Trata-se simplesmente de um assunto importante, tudo o que é acentuadamente sentido torna-se difícil de ser abordado, porque esses conteúdos encontram-se, de uma forma ou de outra, ligados com reações fisiológicas, com processos cardíacos, com o tônus dos vasos sangüíneos, a condição dos intestinos, a enervação da pele, a respiração. Quando houver um tônus alto, será como se esse complexo particular tivesse um corpo próprio e até certo ponto localizado em meu corpo, o que o tornará incontrolável por estar arraigado, acabando por irritar meus nervos. Aquilo que é dotado de pouco tônus e pouco valor emocional pode facilmente ser posto de lado porque não tem raízes. Não é aderente.” # 148

“…O complexo, por ser dotado de tensão ou energia própria, tem a tendência de formar, também por conta própria, uma pequena personalidade. Apresenta uma espécie de corpo e uma determinada quantidade de fisiologia própria, podendo perturbar o coração, o estômago, a pele.(…) Quando se fala em força de vontade, naturalmente se pensa em um ego. Onde, pois, está o ego, ao qual pertence a força dos complexos? O que conhecemos é o nosso próprio complexo do ego, que supomos ter o domínio pleno do nosso corpo. Não é bem isso, mas vamos considerar que ele seja um centro que está de posse do corpo, que exista um foco denominado ego, dotado de vontade e que possa fazer alguma coisa por meio de seus componentes.” # 149.

7. Comentando um sonho, Jung estabelece relações entre imagens oníricas e estruturas orgânicas do sonhador. Novamente reproduziremos aqui apenas as correlações estabelecidas. O contexto global poderá ser localizado nos parágrafos 180 a 201 do texto original.

“…Afirmo – e quando digo isso tenho algumas razões para fazê-lo – que representações de fatos psíquicos através de imagens como cobra, lagarto, caranguejo, mastodonte ou animais semelhantes também representam fatos orgânicos. A serpente, via de regra, representa o sistema raquidiano (cérebro espinhal), particularmente o bulbo e a medula. O caranguejo, por outro lado, sendo dotado apenas de um sistema simpático, representa as funções relativas a esse sistema nervoso, mais o parassimpático, ambos localizados no abdômen. O caranguejo é uma coisa abdominal. Então, se traduzirmos o texto do sonho, poderemos ler: se você continuar assim, seu sistema simpático e raquidiano voltar-se-á contra você, e aí não haverá como fugir. E é bem isso o que está acontecendo. Os sintomas de sua neurose expressam a rebelião das funções simpáticas e do sistema raquidiano contra a sua atitude consciente.” # 194(…)

“Eis como se comportam as pessoas que só têm cabeça. Usam o intelecto, a fim de afastarem as coisas por meio de um raciocínio qualquer. Dizem: Isso é insensato, portanto, não pode ser, portanto, não é. É assim que faz o nosso amigo. Ele simplesmente abole o monstro através do raciocínio.” # 199

8. Comentando um sonho de criança Jung menciona outras relações entre símbolos presentes no conteúdo onírico e estruturas orgânicas da sonhadora. Os conteúdos envolvidos são: a) uma roda de fogo despencando morro abaixo ameaçando queimar a sonhadora; b) uma barata picando a sonhadora.

“A barata segundo penso, relaciona-se ao sistema simpático. Daí ser possível calcular que haja certos processos psicológicos estranhos desenrolando-se na criança, que afetam esse sistema, o que poderá provocar-lhe alguma desordem abdominal ou intestinal. A afirmação mais cautelosa que nos podemos permitir é a de que pode ter havido um certo acúmulo de energia no sistema simpático, causando ligeiros distúrbios. O que também é expresso pela simbologia da roda de fogo, que em seu sonho parece surgir como um símbolo solar, correspondendo o fogo, na filosofia tântrica, ao chamado manipura chacra, que se localiza no abdômen. Nos sintomas prodrômicos da epilepsia, às vezes encontramos a idéia de uma roda que gira no interior da pessoa. Isto também expressa uma manifestação duma natureza simpática. A imagem da roda que gira lembra a crucifixão de Ixion. O sonho da garotinha é um sonho arquetípico, um desses estranhos sonhos que as crianças costumam ter.” # 203

9. Ao falar sobre o caráter emocional da transferência:

(…)”As emoções não são manejáveis como as idéias ou os pensamentos, pois são idênticas a certas condições físicas, sendo, portanto, profundamente enraizadas na matéria pesada do corpo.(…)” # 317

10. Ao falar sobre o caráter contagioso das emoções:

“A projeção de conteúdos emocionais sempre tem uma influência particular. As emoções são contagiosas, estando profundamente enraizadas no sistema simpático, que tem o mesmo sentido que a palavra ‘sympathicus’.(…)” # 318

11. Mais adiante, ainda tratando do tema transferência, Jung comenta as somatizações possíveis de acometer os terapeutas, causadas pela infeção psíquica decorrente das contínuas projeções a que estão expostos durante seu trabalho:

“São espinhos do ofício do terapeuta tornar-se psiquicamente infectado e envenenado pelas projeções às quais se expõe. Tem de estar continuamente em guarda contra a auto-estima excessiva. Mas o veneno não afeta apenas a sua psique. Pode ser que perturbe finalmente o seu sistema simpático.

Tenho observado um número extraordinário de doenças físicas entre os psicoterapeutas; doenças que não se ajustam à sintomatologia médica conhecida, e que eu atribuo à contínua onda de projeções da qual o analista não discrimina a sua própria psicologia. A condição emocional particular do paciente exerce um efeito contagioso. Pode-se dizer que ela provoca as mesmas vibrações no sistema nervoso do paciente e, conseqüentemente, como os alienistas, os psicoterapeutas também são passíveis de tornarem-se um pouco esquisitos. Não deve-mos nunca esquecer esse fato, pois liga-se profundamente com o problema da transferência.” # 356

12. Comentando a eclosão do nazismo na Alemanha – como resultante da ativação de conteúdos arquetípicos -, Jung enfatiza a possibilidade de atuação das forças do inconsciente sobre as estruturas orgânicas. Mais uma vez, devemos ressaltar a recomendação da leitura integral do texto original para a real compreensão das idéias do autor. Vale lembrar a época destas conferências: entre as duas guerras mundiais (1935).

(…) “Eu já pressentira esse fato em 1918, quando disse que a ‘besta loura está se mexendo em seu sono’ e alguma coisa vai acontecer na Alemanha(18).

Naquela época, nenhum psicólogo entendeu o que eu queria dizer, pois não entendiam que nossa Psicologia individual não passa de uma pele bem fina, uma pequena onda sobre um oceano de Psicologia coletiva. O fator poderoso, aquele que muda a vida por completo, que muda a superfície do mundo conhecido, que faz a História, é a Psicologia coletiva que se move de acordo com leis totalmente diferentes daquelas que regem nossa consciência. # 371(…)

(…)”Não se pode resistir a tal poder. Os acontecimentos escapam a todas as medidas e fogem à capacidade de raciocinar. O cérebro acaba não valendo nada e o sistema simpático é tomado. Ê uma força que simplesmente fascina as pessoas de dentro para fora, é o inconsciente coletivo que está sendo ativado, um arquétipo comum a todos os que vêm à vida. # 372(…)

b A platéia apreende, a partir de novos comentários acrescidos sobre a questão anterior, a posição de Jung sobre a neurose enquanto tentativa de autocura e solicita sua confirmação de tal entendimento. Em resposta a essa solicitação, Jung apresenta sua percepção dos aspectos positivos das patologias às doenças físicas:

“Participante: Posso dizer então que a irrupção de uma doença neurótica, do ponto de vista do desenvolvimento humano, é um fator favorável?

Jung: É isso mesmo, e fico contente que esse ponto tenha sido levantado. Meu ponto de vista é realmente este. Não sou totalmente pessimista em relação a uma neurose. Em muitos casos deveríamos dizer: ‘Graças a Deus ele decidiu ficar neurótico’. Essa é uma tentativa de autocura, bem como qualquer doença física também o é. Não se pode mais entender a doença como um <ens per se>, como uma coisa desenraizada, como há algum tempo se julgava que fosse. A Medicina moderna, a clínica, por exemplo, concebe a doença como um sistema composto de fatores prejudiciais e de elementos que levam à cura. O mesmo se dá com a neurose, que é uma tentativa do sistema psíquico auto-regulador de restaurar o equilíbrio, que em nada difere da função dos sonhos, sendo apenas mais drástica e pressionadora.” # 388 e 389

Comentário final:

Apresentamos neste artigo apenas uma pequena seleção ilustrativa dos dados coletados em nossa pesquisa. O levantamento feito ao longo de todo o livro permitiu-nos, inicialmente, a constatação de alguns aspectos quantitativos interessantes, não tanto pelos números em si mesmos, mas pelo que podem nos mostrar a respeito da relação estabelecida entre Jung e sua platéia.

Essa mesma releitura implicou ainda numa espécie de imersão nas entrelinhas das cinco conferências. E durante esse mergulho na atmosfera provavelmente dominante durante a apresentação e discussão das idéias de Jung, nossa atenção se voltou para algumas observações e impressões a serem comentadas a seguir. Do ponto de vista mais objetivo, temos já um aspecto quantitativo a destacar. Realizando uma rápida contagem, dispomos dos seguintes números: De um total de 415 parágrafos, constituintes das cinco conferências relatadas, nosso levantamento aponta uma soma de 97 parágrafos selecionados por conterem algum tipo de menção ao corpo e/ou suas estruturas componentes (dos quais apenas 13 foram reproduzidos aqui(19)). Esses números já nos dizem alguma coisa, especialmente se tivermos em conta o fato de essa não ser, a princípio, uma obra sobre a questão do corpo na Psicologia!

Mas, se formos um pouco além e observarmos a distribuição dos parágrafos selecionados ao longo das cinco conferências, um dado a mais chamará nossa atenção. Esses 97 parágrafos estão distribuídos da seguinte maneira:

* “Primeira conferência”: 13 parágrafos;

* “Segunda conferência”: 25 parágrafos;

* “Terceira conferência”: 28 parágrafos;

* “Quarta conferência”: 11 parágrafos;

* “Quinta conferência”: 20 parágrafos.

Percebemos, então, o fato de a freqüência no uso de algum tipo de menção ao dado corporal ter aumentado, progressivamente, desde a primeira até a terceira noite. Em seguida caiu, durante a quarta conferência, para voltar a aumentar numericamente na última apresentação. Esses números não parecem apenas casuais. Acompanhando a apresentação das idéias de Jung, o leitor atento certamente poderá perceber os movimentos – tanto do próprio Jung quanto por parte da platéia – frente às colocações mais diretamente relacionadas ao tema dos paralelos psicofísicos, tornando bastante significativa a distribuição dos números acima apontada.

Durante as duas primeiras conferências, Jung introduz de maneira fluente, tranqüila, quase casual, sua visão integradora de tais processos. Expressa-se de forma bastante direta e enfática, ao estabelecer as primeiras correlações psicofísicas, sem com isso parecer ter intenção de explicar tais paralelismos. Esta “tonalidade” de suas falas podem ser observadas, por exemplo, nos momentos em que aborda: a origem da consciência (#14); o ego (#18), ou ainda quando diferencia afeto e sentimento (# 48).

Ao final da primeira conferência, um dos presentes coloca uma pergunta mais direta a respeito – # 68. A questão, no entanto, é formulada em termos do dualismo causa-efeito: os afetos seriam causados por condições fisiológicas ou o processo se daria de modo inverso?

Em resposta, Jung expõe com bastante clareza a posição por ele adotada: ressalta a complexidade do problema, bem como os aspectos filosóficos envolvidos. Mais uma vez ressalta ainda, enfatizando seu procedimento, a importância da observação empírica dos fatos. E, nessa medida, apresenta a constatação a respeito da simultaneidade dos eventos psicofísicos. Sublinhando não pretender esgotar sua explicação, propõe o princípio da sincronicidade como um recurso para ampliar parcial e temporariamente a compreensão a respeito. Percebe-se já nesse momento que, embora Jung coloque sua posição de forma clara e aberta a futuras ampliações, não se dispõe a entrar em discussões meramente teóricas a respeito da questão, como lhe foi proposto por alguns dos ouvintes. Mas a platéia não parece dar-se por satisfeita com sua resposta (ou seria com sua não adesão à polêmica?) ao tema. Vejamos como evolui esse ponto do diálogo entre Jung e os presentes às conferências.

Ao final da terceira exposição e de forma quase provocativa (# 135 a 137), mais uma vez alguém retoma a mesma questão. Jung de início responde atenciosamente ao participante proponente da questão (# 136). Diante, porém, de nova insistência da platéia, Jung inclui, numa consideração amplificadora, uma observação ao estilo dos sábios orientais frente a discípulos mais jovens e imaturos: intercala um sutil, mas certeiro, “puxão de orelhas”, ao explicar a condição necessária para o fornecimento da resposta solicitada.

“Eu deveria dar-lhes um curso de aproximadamente quatro semestres sobre simbologia para que os senhores conseguissem seguir o que eu digo.” #138

Poderíamos presumir essa observação de Jung como encerramento da questão. Essa impressão poderia até ser reforçada pelo fato de, na noite seguinte, Jung reduzir suas menções ao tema causador de tanta inquietação. Porém não foi isso o que ocorreu, visto ao final da quarta exposição, mais uma insistência no mesmo ponto ser apresentada por um dos participantes (# 299 a 302).

Dessa vez, porém, a resposta de Jung é menos paciente: mostra-se realmente decidido a considerar definida a questão. Entenda-se bem: encerrada apenas enquanto discussão, pois, ao longo da próxima conferência, Jung volta a estabelecer novos paralelos entre os processos psicofísicos, tal como fizera nas apresentações das três primeiras noites.

Outro aspecto a ser destacado é a própria maneira com que tais correlações são expressas pelo autor: fica muito claro o fato de, ao traçar esses paralelos, Jung não expressar-se de forma a estabelecer relações causais entre os eventos psicofísicos. Em lugar disto, menciona-os como simultâneos, ou, melhor dizendo, sincrônicos. Descreve os processos globais tal como os observa, de acordo com sua perspectiva integradora, em lugar de estabelecer dicotomias analíticas. Agindo assim, sua forma de expressão antecipa, em sentido mais prático do que teórico, proposições só agora presentes no âmbito da Psicologia acadêmica. Essas considerações começam a explicitar o emergir coletivo de um certo enfoque da consciência, tido como novo para nossos padrões ocidentais.

Ainda de acordo com o pensamento junguiano expresso na atualidade, o movimento acima apontado corresponde a um passo importante e previsível do processo de desenvolvimento da consciência em termos coletivos. Embora fundamental para a compreensão de algumas das proposições de Jung, a exploração deste tema, por sua amplitude, escapa ao alcance dos limites desse nosso trabalho.

Remetemos, então, o leitor interessado a autores como Neumann(20) e Whitmont(21), entre outros(22), que ocupam-se amplamente dessa questão: o emergir ou, melhor dizendo, o ressurgir da consciência matriarcal. A título apenas de ilustração, faremos uma breve citação de Whitmont a respeito.

“O caráter divisível e, posteriormente analítico da consciência patriarcal é de natureza masculina. Essa maneira particular de experimentar os acontecimentos é, evidentemente, apenas uma entre outras.

Não é uma qualidade necessária ou intrínseca à consciência enquanto tal. Acostumados que estamos ao funcionamento patriarcal, ela acabou nos parecendo a única alternativa possível. No entanto, uma consciência de natureza mais Yin, que está começando a fazer-se presente na atualidade, não funciona por meio de separações e divisões, mas através da percepção intuitiva de processos inteiros e de padrões inclusivos.” (23)

Levando em conta os pontos acima levantados, parece-nos, efetivamente, ter Jung razões de sobra para não se mostrar interessado em “discutir” a questão do paralelismo psicofísico, tão insistentemente incitada durante a realização das Conferências de Tavistock. Não, ao menos, nos termos da discussão proposta por aquela platéia. Nem poderia ser de outra forma, visto sua apreensão desses processos estar, já então, alguns passos além de sua época. Nesse aspecto, como aliás em muitos outros, Jung, em seu tempo, já estava caminhando em direções somente agora apontadas por investigadores tidos, na atualidade, como portadores de proposições inovadoras.

Por outro lado, registros datados da mesma época das conferências de Tavistock nos apresentam colocações bastante explícitas, feitas por Jung no âmbito de círculos mais restritos, onde podemos encontrar interessantes exemplos do ponto de vista amplificado com que verdadeiramente buscava compreender tais processos.. A título de ilustração apresentaremos a seguir alguns pequenos trechos de comentários feitos por ele durante os “Seminários sobre Assim falou Zarathustra” a respeito da alternância do predomínio “carne/espírito” ao longo da evolução ocidental.

“A Filosofia e a Religião são como a Psicologia quanto ao fato de que não se pode nunca colocar um princípio definitivo: é impossível, pois algo que é verdade para um estágio de desenvolvimento é bastante inadequado para outro. Então é sempre uma questão de desenvolvimento, de tempo; a melhor verdade para certo estágio é talvez veneno para outro.” (…)

“O espírito pode ser qualquer coisa, mas somente a terra pode ser algo definido. Então manter-se fiel à terra significa manter-se em relacionamento consciente com o corpo. Não fujamos e nãos nos tornemos inconscientes dos fatos corporais, pois eles nos mantém na vida real e ajudam-nos a não perder nosso caminho no mundo das meras possibilidades, onde estamos simplesmente de olhos vendados.” (….)

“Mas é perfeitamente lógico que depois de uma época que esgotou a importância do espírito, a carne deva ter sua vingança e conquistar o espírito talvez mesmo sobrepujá-lo por algum tempo. É claro que expressemos essas coisas usando os termos espírito e matéria, sem saber exatamente o que designamos através dessas palavras.

Na filosofia clássica chinesa usar-se-iam os termos Yang e Yin, e dir-se-ia que está de acordo com as regras do céu que eles invertam suas posições. Yang devora o Yin, e do Yang o Yin renasce; ele emerge de novo, e então o Yin envolve o Yang, e assim por diante. Este é o curso da natureza. Os chineses não ficam tão aborrecidos, porque eles tem observado este processo natural por muito mais tempo. Mas a nossa história não é velha o suficiente, então ficamos atônitos ao observar que o espírito devora a matéria, e então a matéria devora o espírito. É exatamente o mesmo processo. Nós fomos ensinados que Deus enviou seu filho para sobrepor o espírito à carne como um evento único na história; e agora nós aprendemos a verdade reversa, que a carne devora o espírito. E nós ainda não conseguimos acreditar nisso, embora tenha se tornado ainda mais óbvio do que quando apareceu pela primeira vez, no tempo da Reforma.”(24)

A pequena pesquisa apresentada neste capítulo nem de longe pretende esgotar o tema levantado, ou seja, o tratamento dado à questão do corpo em Jung. Ao contrário, o leitor atento poderá ampliar fartamente essa observação, ao percorrer sua vasta obra.

Nossa intenção aqui foi demonstrar de maneira breve, porém fundamentada, as formas mais ou menos sutis com que colocava sua posição essencial a respeito dessa questão. Já ao final da vida, Jung podia se permitir ser mais explícito ao colocar suas posições sobre essa questão, como exemplifica esse pequeno trecho de entrevista concedida por ele a G. Duplain em 1959. A temática geral dessa entrevista era as mudanças e adaptações necessárias para a Humanidade na entrada do terceiro milênio. Em dado momento, Duplain pergunta à Jung:

“Duplain – Mas que recomendações pode fazer para a passagem que está prestes a ocorrer e cujas dificuldades o senhor teme?

“Jung: Um espírito de maior abertura em relação ao inconsciente, uma atenção maior aos sonhos, um sentido mais agudo da totalidade do físico e do psíquico, de sua indissolubilidade; um gosto mais ativo pelo autoconhecimento. Uma higiene mental melhor estabelecida, se quisermos ver as coisas por esse prisma.” (25)

O pensamento junguiano plantou sementes férteis, e muitas já começaram a germinar, há algum tempo, na direção apontada acima. Ao longo deste nosso relato foram mencionados vários autores cujas pensamento mostra o florescimento de idéias concordantes com a recomendação presente na última citação de Jung.

Recentemente têm surgido publicações ilustrativas do movimento já muito ativo no sentido da solidificação dessa visão integradora frente à estrutura psicofísica. Um desses trabalhos soaria talvez como uma heresia aos ouvidos acadêmicos, caso tivesse surgido alguns anos antes. Trata-se da recente publicação, em português, do livro de J. P. Conger “Jung e Reich – O Corpo como Sombra”(26). Mais do que o próprio conteúdo dessa obra, destacamos aqui o aspecto no mínimo inusitado do paralelo estabelecido pelo autor já em sua apresentação. Soa-nos como se o espírito de nosso tempo já reclamasse com veemência aquela disposição antecipada por Jung: a reabilitação do corpo do exílio a que foi lançado em nossa civilização ao longo dos últimos séculos.

Ou ainda, dizendo de outro modo, a necessidade da reconciliação do ser humano com a (sua) própria natureza, como condição essencial para atingir a transcendência.

Porém, mesmo estando ainda o homem tão longe de elucidar os mistérios da união de seu ser terreno com sua alma, alguns pensadores, seguindo a trilha deixada por Jung, nos ajudam a refletir com maior inteireza sobre essa questão. É o caso de Kreinheder, ao dizer, citando Plotino: “na doença, o corpo perde contato com a alma, e não se parece com ela.”(27)

Notas e referências bibliográficas:

(1) Este artigo contem a síntese do material apresentado pela autora no capítulo homônimo do livro “Integração Psicofísica – O Trabalho Corporal e a Psicologia de C.G. Jung”, (Ed. Robe/C.I. – São Paulo, 1995). Este capítulo, por sua vez, foi elaborado com base no trabalho apresentado sob o mesmo título no “Encontro do Sedes” realizado em 1991.

(2) Mais elementos sobre estes aspectos históricos são apresentados no capítulo 1 do mesmo livro citado no item anterior.

(3) McNeely, D. A., Tocar, Terapia do Corpo e Psicologia Profunda. Ed. Cultrix, 1a. edição, São Paulo, 1987.

(4) Definição do termo “somatoterapia”, segundo a autora: “Uso o termo somatoterapia para expressar um processo que ocorre entre o indivíduo e o terapeuta que emprega o movimento e centros físicos para alcançar seu objetivo mútuo: a descoberta dos aspectos da psique antes desconhecidos. O terapeuta usa o centro físico além da atenção tradicional aos processos psíquicos, a fim de incrementar o diálogo entre o consciente e o inconsciente.” Ib, pág. 17.

(5) Ib., pág. 36.

(6) Ib., pág. 37.

(7) Jung, C. G., A Prática da Psicoterapia, Ed. Vozes, 2a. Edição, Petrópolis, 1985, pág. 84, parágrafo 198.

(8) Jung, C. G., Fundamentos de Psicologia Analítica, Ed. Vozes, 5a. Edição, Petrópolis, 1989, perguntas e respostas relatadas ao final da primeira e segunda conferências, conforme será destacado na seqüência deste capítulo.

(9) Jung, C. G., Memórias, Sonhos, Reflexões, compilação e prefácio de Aniela Jaffé, Ed. Nova Fronteira, 4a. Edição, Rio de Janeiro, 1981, pág. 100.

(10) Jung, C. G., op. cit. em 8, pág. 84, parágrafo 194.

(11) A partir desse ponto, em nome da praticidade, a indicação das localizações referentes ao relato das conferências será inserida no próprio texto. O sinal “#” indicará o número do parágrafo de “Fundamentos de Psicologia Analítica” transcrito.

(12) A origem embrionária comum (ectodérmica) da pele e do sistema nervoso central é comentada por vários autores, conforme foi relatado no capítulo 9 – “A Calatonia” – do livro citado na referência 1.

(13) Recentemente observamos o surgimento de novas áreas de pesquisa científica, peculiarmente constituídas pela integração de disciplinas até então tidas como campos independentes e específicos de investigação. Um exemplo é a Psiconeuroimunologia, um novo campo – os primeiros trabalhos datam do início da década de 80 – em que já se investiga, a nível laboratorial, aspectos bastante acurados das correlações psicofísicas. Nos Estados Unidos o Institute of Noetic Sciences (2658, Bridgeway, Sausalito, California 94965) publica o boletim Investigations com informações a respeito do andamento de tais pesquisas.

(14) Ver nota no 16, no texto original, à pág. 22.

(15) Na seqüência do texto original Jung relata um exemplo e ilustra o que acaba de citar.

(16) Ver nota no 19, no texto original, pág. 29.

(17) Ver nota no 20, no texto original, pág. 30.

(18) Ver nota no 74, no texto original, pág. 151.

(19) No capítulo homônimo deste artigo, componente do livro citado na nota de número 1, é apresentada a reprodução integral dos 97 parágrafos selecionados em nossa pesquisa.

(20) Neumann, E., História da Origem da Consciência, Ed. Cultrix, 1a. Edição, São Paulo, 1990.

(21) Whitmont, E. C., Retorno da Deusa, Summus Editorial, 1a. Edição, São Paulo, 1991.

(22) Essa questão, relativa ao ressurgimento da consciência matriarcal, e suas implicações em diferentes níveis dos processos coletivos, vem recebendo nos últimos tempos a atenção de autores junguianos. Não apenas a importância da consideração do corpo para a mais completa compreensão dos dinamismos psíquicos, mas toda uma nova postura diante de questões básicas humanas decorre desta perspectiva. Uma mostra dessa bibliografia pode ser encontrada, por exemplo, nas matérias publicadas na revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica: Junguiana. Ou, ainda, em publicações mais recentes da área, onde toda uma ênfase sobre as questões relativas ao tema pode ser constatada.

(23) Ob. cit. no item 21, pág. 78.

(24) Jung, C.G., Seminário sobre: Assim falou Zarathustra, Clube Psicológico de Zurique, 1934/1939, tradução do prof. Pethö Sándor para estudos em grupo, págs. 51 e 52.

(25) Em McGuire, W., e R. F. C. Hull, C.G. Jung: Entrevistas e Encontros; Ed. Cultrix, São Paulo, 1982 cap.: “Nas fronteiras do conhecimento”, pág. 364.

(26) Conger, J. P., Jung e Reich – O Corpo como Sombra, Ed. Summus, 1a. Edição, São Paulo, 1993. A edição original inglesa data de 1988.

(27) Kreinheder, A., Conversando com a Doença – Um diálogo de Corpo e Alma, Summus Editorial, 1a. Edição, São Paulo, 1993, pág. 32.